[et_pb_section fb_built=”1″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_row _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”4_4″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”]
É muito tênue o limite entre a loucura e a desrazão. A expressiva maioria dos Transtornos Afetivos, onde se incluí a Depressão, proporciona atitudes psicoemocionais não alienantes, ou seja, proporciona um descontrole da crítica e do juízo, muito mais próximo da desrazão que da alienação. As patologias alienantes são as psicoses, demências, deficiências mentais, e surtos de mania com sintomas psicóticos.
Deve-se considerar o estresse uma ocorrência fisiológica e normal no reino animal. O estresse é a atitude biológica necessária para a adaptação do organismo à uma nova situação. Em medicina entende-se o estresse como uma ocorrência global, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista emocional. As primeiras pesquisas médicas sobre o estresse estudaram uma constelação de alterações orgânicas produzidas no organismo diante de uma situação de agressão.
Fisicamente o estresse aparece quando o organismo é submetido à uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção, por exemplo, ou, do ponto de vista psicoemocional, à uma situação entendida como de ameaça. De qualquer forma, trata-se de um organismo submetido à uma situação nova (física ou psíquica), pela qual ele terá de lutar para adaptar-se, consequentemente, sobreviver. Portanto, o estresse é um mecanismo indispensável para a manutenção da adaptação à vida, indispensável pois, à sobrevivência.
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row column_structure=”2_5,3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” hover_enabled=”0″ sticky_enabled=”0″]
figura 1 – Situação de estressores.
O desenho simboliza situações que levariam ao esgotamento, representado aqui pela ruptura do cordão que suporta os pesos.
Condição A: representa uma pessoa com estrutura emocional normal, suportando estressores normais da vida. Menores chances de ruptura.
Condição B: representa uma pessoa com estrutura emocional normal, tentando suportar estressores muito mais pesados. Maiores chances de ruptura.
Condição C: representa uma pessoa com estrutura emocional mais frágil, tentando suportar estressores normais da vida. Maiores chances de ruptura.
[/et_pb_text][/et_pb_column][et_pb_column type=”3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”]
Atualmente o Esgotamento é um termo de uso corrente na vida moderna e, o que popularmente (e corretamente) se conhece por esgotamento teria origem em duas situações (Figura 1): primeiro, quando a situação à qual a pessoa terá que se adaptar (estímulo estressor externo ou interno) for suficientemente importante e duradoura para gerar forte tensão. Nesse caso haverá Esgotamento por falência adaptativa devido aos esforços para superar uma situação de forte tensão, normalmente considerada provocativa do ponto de vista subjetivo ou objetivo (situação b da Figura 1). Isso quer dizer que o estímulo necessário para desencadear o estresse seria ameaçador tanto para a pessoa que a ele está reagindo, quanto para outras pessoas submetidas à mesma situação.
Em segundo lugar, o Esgotamento ocorre quando a pessoa não dispõe de estabilidade emocional suficiente para adaptar-se a vários aspectos da vida cotidiana. Os estímulos estressores, nesse caso, são estressores exclusivamente para essa determinada pessoa, portanto, objetivamente falando, são estímulos não tão traumáticos (situação c da Figura 4). Nesse caso a pessoa sucumbiria emocionalmente a situações não tão aversivas para outras pessoas colocadas na mesma situação mas, não obstante, particularmente agressivas para ela. Seria uma ameaça subjetivamente representada.
Digamos, então, que o esgotamento ou a ansiedade crônica e patológica poderiam surgir em duas circunstâncias:
1 – decorrente daquilo que o mundo traz à pessoa (seu destino) e;
2 – decorrente daquilo que a pessoa traz ao mundo (sua sensibilidade pessoal).
O assunto poderia ser tratado dessa forma simples e prática, sem mistérios, se não fosse o ditado popular de que “cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”. Isso sugere a ideia de que o destino pode, não obstante, modular ou condicionar determinada forma de valorizar a realidade, a tal ponto que os fatos poderiam, dependendo das vivências de cada um, significar estímulos de maior ou menor capacidade estressora.
Assim sendo, podemos supor que nosso filtro (perfil) afetivo tenha, não apenas uma natureza constitucional ou biológica mas, sobretudo, uma natureza bio-psíco-dinâmica. Nesse caso, a serotonina, o GABA, os neuroreceptores variados, a adrenalina e as vias neuronais, representariam a porção constituição da personalidade que reage à vida, de maneira específica e pessoal. A vida ou o destino em si, por outro lado, representariam o elemento circunstancial da personalidade que reage à vida.
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row column_structure=”3_5,2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”]
A situação conhecida por Esgotamento não se limita às questões adaptativas de natureza eminentemente emocional, como acreditam muitos. Fisicamente há, no Esgotamento, alterações significativas em todo organismo, a começar pelas glândulas suprarrenais (de adrenalina e cortisona). Por causa das alterações hormonais produzidas nessas glândulas no Esgotamento poderá haver descontrole da pressão arterial, alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico e no controle dos níveis de glicose do sangue, entre muitas outras modificações orgânicas. Psiquicamente, a ansiedade crônica do Esgotamento acaba levando a um estado de apatia, desinteresse, desânimo e uma espécie de pessimismo em relação à vida.
Se hoje sabemos muito sobre o estresse e a ansiedade, tanto do ponto de vista comportamental quanto neuroquímico, pouco sabemos ainda sobre seu aspecto principal ou primordial, ou seja, pouco sabemos sobre esse tal estímulo desencadeador. É por aí onde tudo começa, ou seja, todas as reações orgânicas, as atitudes, emoções, comportamentos, alterações químicas fisiológicas, etc. e tal, começam sempre à partir do tal estímulo.
[/et_pb_text][/et_pb_column][et_pb_column type=”2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” hover_enabled=”0″ sticky_enabled=”0″]
A ansiedade é o combustível para os pensamentos obsessivos. Estes geram mais ansiedade que resulta em comportamentos compulsivos e/ou depressão, levando a mais ansiedade e assim por diante.Your content goes here. Edit or remove this text inline or in the module Content settings. You can also style every aspect of this content in the module Design settings and even apply custom CSS to this text in the module Advanced settings.
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row column_structure=”2_5,3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” text_font=”Arial||||||||” hover_enabled=”0″ sticky_enabled=”0″]
Ansiedade, Esgotamento e Estresse
Considera-se o Estresse uma ocorrência fisiológica e normal no reino animal. O Estresse é a atitude biológica necessária para a adaptação do organismo à uma nova situação. Em medicina entende-se o Estresse como uma ocorrência fisiológica global, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista emocional.
As primeiras pesquisas médicas sobre o Estresse estudaram toda uma constelação de alterações orgânicas produzidas no organismo diante de uma situação de agressão. Fisicamente o Estresse aparece quando o organismo é submetido à uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção, por exemplo, ou, do ponto de vista psicoemocional, quando há uma situação percebida como de ameaça (entrevista para emprego, por exemplo).
De qualquer forma, trata-se de um organismo submetido à uma situação nova (física ou psíquica), à qual ele terá que adaptar-se, consequentemente, terá que superar. Portanto, o Estresse é um mecanismo indispensável para a manutenção da adaptação à vida, indispensável pois, à sobrevivência. Do ponto de vista psíquico o Estresse se traduz na Ansiedade e está é uma atitude fisiológica (normal) responsável pela adaptação do organismo às situações de perigo.
De frente para o perigo o desempenho físico para emergências faz coisas extraordinárias, coisas que normalmente não seríamos capazes de fazer em situações mais calmas. Se não existisse esse mecanismo que nos coloca em posição de alerta ou alarme, talvez nossa espécie nem teria sobrevivido às adversidades encontradas pelos nossos ancestrais. Embora a Ansiedade favoreça o desempenho e a adaptação, ela o faz somente até certo ponto, até que nosso organismo atinja um máximo de eficiência.
[/et_pb_text][/et_pb_column][et_pb_column type=”3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default”]
Esgotamento e Adaptação
O Transtornos de Ajustamento ou Adaptação é um quadro psiquiátrico classificado e bastante relacionado ao Esgotamento. Atualmente o Transtorno de Ajustamento tem sido o diagnóstico mais adequado para os muitos frequentes casos de dificuldades emocionais que as pessoas experimentam no cotidiano de suas vidas.
Se diagnosticam Transtornos de Ajustamento e/ou Transtornos de Adaptação em pacientes que manifestam comportamentos mal adaptados e/ou certas mudanças no estado de ânimo, como resposta a um estímulo estressor. Outra classificação diz que a característica essencial de um Transtorno de Ajustamento é o desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais significativos em resposta a um ou mais estressores psicossociais identificáveis.
Os comportamentos mal adaptados ou mal ajustados decorrentes do estresse, bem como as mudanças no estado de ânimo, incluem “nervosismo” intenso, preocupação, medo, dificuldades no funcionamento ocupacional, escolar, social ou familiar. Embora as pessoas que desenvolvem Transtorno de Ajustamento geralmente não tenham antecedentes de outros transtornos emocionais anteriores, as portadoras de outros problemas emocionais prévios têm maior probabilidade de desenvolver esse quadro.
Na realidade, é no Transtorno de Ajustamento onde a ideia de dificuldade emocional adaptativa à vida tem sido mais bem demonstrada. Aqui a reação emocional da pessoa aos estressores de sua vida é caracterizada por acentuado sofrimento. Por definição, um Transtorno de Ajustamento deve se resolver dentro de 6 meses após o término da situação considerada estressante ou de suas consequências.
Assim sendo, esse transtorno ansioso patológico pode ocorrer durante o período de esforço emocional adaptativo a uma exigência existencial importante, quando um acontecimento estressante afete a integridade do ambiente social da pessoa, como por exemplo o luto, as experiências de separação, as grandes perdas. Os sintomas emocionais de ajustamento podem persistir por um período prolongado, principalmente quando ocorrem em resposta a uma situação estressante crônica e duradoura, como por exemplo, uma doença debilitante crônica ou em decorrências das grandes dificuldades financeiras, profissionais, conjugais, etc.
O Transtorno de Ajustamento também pode ocorrer quando a situação estressora compromete o sistema suporte existencial, como por exemplo, a imigração, estado de refugiado, ou mesmo durante os severos esforços de adaptação a alguma etapa da vida ou do desenvolvimento, como é a escolarização, nascimento de um filho, derrota em atingir um objetivo pessoal importante, aposentadoria.
A predisposição e a vulnerabilidade pessoal desempenham um papel importante no desenvolvimento do Transtorno de Adaptação, mas mesmo considerando a predisposição pessoal, admite-se que esse transtorno não teria ocorrido se não houvesse o estresse desencadeante. O estressor que desencadeia o Transtorno de Ajustamento pode ser um evento isolado, como por exemplo, o fim de um relacionamento romântico, ou uma somatória de múltiplos estressores. Os estressores podem ser ainda recorrentes, como as crises profissionais cíclicas, ou contínuos, atualmente representados pelo perigo de viver em uma área de alta criminalidade.
Os estressores podem afetar um único indivíduo, toda uma família, um grupo maior ou uma comunidade. Alguns estressores podem acompanhar eventos evolutivos específicos, como é o caso do ingresso numa nova escola, ter que deixar a casa dos pais, casar-se, tornar-se pai ou mãe, fracassar em atingir objetivos profissionais, aposentar, etc.
Didaticamente o Transtorno de Ajustamento se apresenta com subtipos clínicos, dependendo dos sintomas predominantes. No Transtorno de Ajustamento com Humor Depressivo, as manifestações predominantes são sintomas de humor deprimido, tendência ao choro ou sensações de impotência, desinteresse, apatia, autoestima baixa. Se for Transtorno de Ajustamento com Ansiedade, predominam sintomas tais como “nervosismo”, preocupação ou inquietação, sintomas físicos, agitação ou, em crianças, com medo patológico da separação de figuras de vinculação.
Pode ainda, o Transtorno de Ajustamento, apresentar-se com um misto de Ansiedade e Depressão ou com Perturbação da Conduta. Neste subtipo a manifestação predominante é uma perturbação da conduta, na qual existe violação dos direitos alheios ou de normas e regras sociais importantes, adequadas à idade. Esse tipo pode ser comum em adolescentes, os quais manifestam rebeldia, vandalismo, direção imprudente, lutas corporais, descumprimento de responsabilidades legais.
O estado de sofrimento e de perturbação emocional causado pelo Transtorno de Adaptação, usualmente compromete o funcionamento social e ocupacional, havendo severo prejuízo do desempenho do trabalho, na escola e nos relacionamentos sociais e familiares. Atualmente os Transtornos de Ajustamento estão associados com um maior risco de tentativas de suicídio e suicídio completado.
Os Transtornos de Ajustamento podem ocorrer em qualquer faixa etária ou social, sendo os homens e mulheres igualmente acometidos. Quanto à incidência, calcula-se que a porcentagem de pessoas com diagnóstico de Transtorno de Ajustamento entre aquelas que estão em tratamento para saúde mental varia de 5 a 20%.
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”4_4″ _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default”][et_pb_video _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default”][/et_pb_video][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” text_font=”Arial||||||||” text_font_size=”12px”]
Diferença entre Transtorno por Estresse Pós-Traumático e o Transtorno de Adaptação | ||
Transtorno de Adaptação ou de Ajustamento | Transtorno por Estresse Pós-Traumático | |
1. – Tipo de estressor | É uma respostaemocional aos estressores mais comuns do cotidiano e que não provocariam reações exageradas na maioria das pessoas | O estressor deve ser extremamente intenso, deve ter uma natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, e que provocaria sintomas evidentes de perturbação na maioria dos indivíduos submetidos a ele |
2. – Tempo da reação | Respostacrônica aos estressores do cotidiano, como uma somatória de várias circunstâncias diante das vai-se, paulatinamente, apresentando alterações emocionais. Ex.; mudança de cidade, mudança de emprego, revés econômico, perda do emprego, etc. | O estressor é único e a reação é aguda, o quadro todo aparece em pouco tempo (dias), imediata ou mediatamente ao estressevivido. Ex.: assaltos mais traumáticos, violência urbana, acidentes graves, etc. |
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row column_structure=”3_5,2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”]
Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Outro quadro psiquiátrico que pode estar presente nos casos de Esgotamento é o Transtorno por Estresse Pós-Traumático. Conceituar e discutir o Transtorno por Estresse Pós-Traumático (TEPT) é bastante atraente para o estudo antropológico e sociológico do mundo contemporâneo. Esse é, talvez, o maior prejuízo que a violência da sociedade moderna impõe ao cidadão.
A pessoa vítima de um assalto, por exemplo, pode amargar um prejuízo emocional muito maior e mais durável do que a querela material com que todos se preocupam. E esses prejuízos emocionais não aparecem nas estatísticas políticas, sociais ou policiais.
Quando a mídia noticia a violência do cotidiano, em todas as esferas, há um zelo especial em informar bem sobre os prejuízos diretos da violência, principalmente, sobre os danos físicos e os prejuízos materiais envolvidos nessa comoção da vida moderna. Mas isso não reflete o total dos prejuízos que sofre a pessoa.
Nas últimas décadas tem havido um aumento da prevalência do Transtorno por Estresse Pós-Traumático para a população em geral, com taxas mais altas ainda entre adolescentes e adultos jovens. O aumento da prevalência implica num aumento real da possibilidade de ocorrência de Transtorno por Estresse Pós-Traumático durante o tempo de vida da pessoa.
Ainda que, por definição, a vivência traumática para produzir um Transtorno de Estresse Pós-Traumático se centralize em experiências humanas consideradas “fora do normal”, como por exemplo, combates militares, torturas e desastres naturais, sequestros, terrorismo, etc., outras formas de agressão engrossam a fileira das causas do transtorno. A agressão urbana cotidiana, por exemplo, bem como o diagnóstico de uma doença potencialmente mortal, a ameaça de falência econômica e, consequentemente existencial, atualmente tem sido considerado agente estressante suficiente para produzir Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
A busca de objetividade da psiquiatria sobre aquilo que, exatamente, poderia ser considerada uma vivência traumática suficiente para justificar grave estresse, tem sido uma atitude muitas vezes insensata. Seria o medo da morte, o medo da doença, do sofrimento, seria o componente econômico, familiar, social, ocupacional…? Enfim, como e o quê seria, exatamente, um motivo vivencial suficientemente estressante para ocasionar o desenvolvimento do Transtorno por Estresse Pós-Traumático?
O quadro do Transtorno por Estresse Pós-Traumático revive o antigo problema das relações entre acontecimentos traumáticos da vida e doenças emocionais. Dependendo de cada região ou país do mundo, os agentes causais do Transtorno por Estresse Pós-Traumático têm características e incidências próprias. Em alguns países o terrorismo é uma das principais manifestações da violência que contribui para a patologia pós-traumática, em outras regiões têm sido as catástrofes naturais, as guerras, etc. Em nosso caso, parece ser a violência urbana e a insegurança a que se submetem os cidadãos, os principais promotores desse transtorno.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático se diagnostica quando uma pessoa volta a experimentar uma emoção traumática com evocações, lembranças, sonhos, cenas retrospectivas, ou até alucinações perturbadoras e intrusivas, tempos depois da ocorrência de um acontecimento fortemente estressor.
Ao experienciar um trauma o paciente costuma apresentar pesadelos e pensamentos invasivos (que independem se sua vontade) muito negativos, pessimistas e trágicos, ao evitar recordações do trauma faz com que ele evite situações relacionadas e afins (sair de casa, falar com estranhos, caminhar no escuro, ficar sozinho, etc.). Havendo aumento da excitabilidade, apresentará perturbações do sono, hipervigilância, ansiedade e irritabilidade. Outras respostas emocionais, comumente associadas com tais traumatismos, são o desespero, os sentimentos de culpa por medidas tomadas ou evitadas e angustia.
Até certo ponto, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático poderia ser considerado uma reação normal do organismo à um acontecimento anormal. Nesse caso o “defeito” seria mais do destino que da pessoa. Pensando assim, poderíamos tirar duas conclusões:
a – O trauma estressor é a causa exclusiva do Transtorno por Estresse Pós-Traumático e;
b – Esse estado mórbido pode ocorrer facilmente a qualquer pessoa, pois, de acordo com o conceito, para que seja classificado de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, deve ter havido vivência de um estresse de magnitude suficiente para ser traumático à qualquer pessoa.
Existe uma controvérsia quanto à possibilidade de uma vivência traumática ter como consequência um transtorno emocional. É por isso que as pesquisas atuais estão dando mais importância à valorização subjetiva da vivência traumática capaz de produzir o estresse, do que ao estresse, propriamente dito. Os fenômenos psicofisiológicos do estresse são basicamente os mesmos entre as pessoas estressadas mas, por outro lado, as experiências traumáticas vivenciadas por essas pessoas podem ser bem diferentes.
Tendo em vista o fato de que, nem todas as pessoas expostas ao mesmo trauma desenvolvem algum transtorno emocional, podemos afirmar que o acontecimento traumático seria necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento do Transtorno por Estresse Pós-Traumático. Isso quer dizer que, embora o agente estressor esteja sempre associado ao desenvolvimento do Transtorno por Estresse Pós-Traumático, ele pode não ser o único elemento a contribuir para seu desenvolvimento.
A atual literatura tem sugerido que o desenvolvimento do Transtorno por Estresse Pós-Traumático não depende só da gravidade do trauma em si, parecendo evidente que a sensibilidade afetiva e as experiências subjetivas de cada um são, no mínimo, tão importantes quanto a vivência em si.
Nos últimos anos, estudos cada vez mais exaustivos do Transtorno por Estresse Pós-Traumático e dos possíveis mecanismos patogênicos envolvidos em sua eclosão, têm revelado um número de agentes estressantes continuamente crescente. Incluem-se, entre esses agentes estressores capazes de desenvolver o Transtorno de Estresse Pós-Traumático, desde conflitos bélicos, onde se descreveu inicialmente esse transtorno (antiga neurose de guerra), até os desastres naturais ou humanos, passando pela violência urbana, abuso físico ou sexual e as enfermidades ou acidentes com grave risco de vida.
[/et_pb_text][/et_pb_column][et_pb_column type=”2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” text_font=”Arial||||||||” hover_enabled=”0″ sticky_enabled=”0″]
Esgotamento no trabalho* ou Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout é o transtorno emocional que mais se adequa à ideia de esgotamento emocional no trabalho. O termo burnout é definido, segundo um jargão inglês, como aquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia. Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite, com grande prejuízo em seu desempenho físico ou mental.
A Síndrome de Burnout é um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse (tensão) no trabalho. Para o diagnóstico, existem quatro concepções teóricas baseadas na possível etiologia da síndrome: clínica, sociopsicológica, organizacional, sociohistórica (Murofuse et al., 2005). A mais utilizada nos estudos atuais é a concepção sociopsicológica. Nela, as características individuais associadas às do ambiente e às do trabalho propiciariam o aparecimento dos fatores multidimensionais da síndrome: exaustão emocional (EE), distanciamento afetivo (despersonalização – DE), baixa realização profissional (RP) (Cherniss, 1980b; World Health Organization, 1998).
A exaustão emocional abrange sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, irritabilidade, tensão, diminuição de empatia; sensação de baixa energia, fraqueza, preocupação; aumento da suscetibilidade para doenças, cefaleias, náuseas, tensão muscular, dor lombar ou cervical, distúrbios do sono (Cherniss, 1980a; World Health Organization, 1998).
O distanciamento afetivo provoca a sensação de alienação em relação aos outros, sendo a presença destes muitas vezes desagradável e não desejada (Cherniss, 1980a; World Health Organization, 1998). Já a baixa realização profissional ou baixa satisfação com o trabalho pode ser descrita como uma sensação de que muito pouco tem sido alcançado e o que é realizado não tem valor (Cherniss, 1980a; World Health Organization, 1998). Há intensa associação entre baixos níveis de satisfação com o trabalho e problemas mentais e psicológicos como burnout, autoestima, depressão e ansiedade (Faragher et al., 2005).
*Trigo, T.R. et al. Síndrome de burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos Rev. Psiq. Clín 34 (5); 223-233, 2007
Esse transtorno tem importância na medida em que afeta a vida pessoal, seja através das repercussões físicas do estresse psíquico, seja no comprometimento profissional quanto a eficiência e desempenho, seja ainda no desempenho social na desarmonia dos relacionamentos interpessoais.
De fato, esta síndrome foi observada originalmente em profissionais predominantemente relacionados a um atendimento mais tenso e exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros.
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row column_structure=”3_5,2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”3_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” text_font=”Arial||||||||” text_font_size=”11px”]
Ballone GJ – Esgotamento – in. PsiqWeb, Internet – disponível emwww.psiqweb.net, revisto em 2015
[/et_pb_text][/et_pb_column][et_pb_column type=”2_5″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][/et_pb_column][/et_pb_row][et_pb_row _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_column type=”4_4″ _builder_version=”4.6.6″ _module_preset=”default”][et_pb_text _builder_version=”4.7.7″ _module_preset=”default” text_font=”Arial||||||||” text_font_size=”10px”]
Bibliográfica
ABENHAIM L, DAB W, SALMI RL (1992): “Study of civilians victims of terrorist attacks (France 1982-1987)”. J Clim Epidemiol 1992; 45 : 103-109.
BOUTHILLON-HEITZMANN P, CROCQ L, JULIEN H (1992): “Stress immédiat et séquelles psychiques chez les victimes d’attentats terroristes”. Psychologie Médicalle 1992; 24; 465-470.
BRESLAU N, DAVIS G (1992): “Posttraumatic stress disorder im am urbam populatiom of young adults: risk factors for cronicity”. Am J Psychiatry, 1992; 149: 671-675.
DAB W, ABENHAIM L, SALMI R, AUCLAIR J (1988): ”Ëtats de santé psychique et mentale des victimes d’attentat”. Annales de Psychiatrie 1988; 3 (3) : 191-195.
DAVIDSON, J.R, FOA EB, (1993) :”Posttraumatic stress disorder in review: Recent research and future developement”. Washington, DC: Americam Psychiatric Press.
FOA, EB RIGGS, DS (1993). “Post-traumatic stress disorder in rape victims” im Americam Psychiatric Press Review of Psychiatry, Volume 12. Editede by Oldham, J., Riba, M.B., & Tasman, A. Washington, DC: Americam Psychiatric Press. Pags 273-303.
FOA EB, ROTHBAUM BO., MOLNAR C (1995).: “Cognitive-behavioral therapy of PTSD, in Neurobiological and Clinical Consequences of Stress: From Normal Adaptatiom to PTSD.” Editede by Friedman, M.J., Charney, D.S., & Deutch, A.Y. New York: Ravem Press.
HELZER J, ROBINS L, McEVOY L – Posttraumatic stress disorder in the general population. N Engl Med. 1987; 317: 1630-1634.
HELZER J, ROBINS L, McEVOY L – Posttraumatic stress disorder in the general population. N Engl Med. 1987; 317: 1630-1634.
KESSLER RC, SONNEGA A, BROMET E et al – Posttraumatic stress disorder in the National Comorbiditiy Survey. Arch Gen Psychiatry. 1995; 52: 1048-1060.
KOROL M, GREEN B, GLESER G – Children’s responses to a nuclear waste disaster: PTSD symptoms and outcome prediction. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1999; 38: 368-375.
LOUGHREY GC (1988) – Posttraumatic stress disorder ande civil violence im Northerm Ireland. Brit. J Psychiatr 1988; 153; 554-560.
MARCH J, AMAYA-JACKSON L, TERRY R et al: Posttraumatic symptomatology in children and adolescents after an industrial fire. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1997; 36: 1080-1088.
McCLOSKEY H, WALKER M – Posttraumatic stress in children exposed to family violence and single-event trauma. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2000; 39: 108-115.
McLEER SV, DEBLINGER E, ATKINS MS et al – Posttraumatic stress disorder in sexually abused children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1988; 27: 650-654.
NAJARIAN L, GOENJIAN A, PELCOVITZ D et al – Relocation after a disaster: posttraumatic stress disorder in Armenia after the earthquake. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1996; 35: 374-383.
PYNOOS R, FREDERICK C, NADER N et al –Life threat and posttraumatic stress in school-age children. Arch Gen psychiatry. 1987; 44: 1057-1063. in sexually abused children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1988; 27: 650-654.
PYNOOS R, FREDERICK C, NADER N et al – Life threat and posttraumatic stress in school-age children. Arch Gen psychiatry. 1987; 44: 1057-1063.
REINHERZ HZ, GIACONIA RM, LEFKOWITZ BA et al – Prevalence of psychiatric disorders in a community population of older adolescents. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1993; 32: 369-377.
REINHERZ HZ, GIACONIA RM, LEFKOWITZ BA et al – Prevalence of psychiatric disorders in a community population of older adolescents. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1993; 32: 369-377.
SACK W, HIM C, DICKASON D – Twelve-year follow-up study of Khmer youths who suffered massive war trauma as children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1999; 38: 1173-1179.
SAVIN D, SACK W, CLARKE G et al – The Khmer adolescent project: III. A study of trauma from Thailand”s site II refugee camp. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1996; 35: 384-391.
SHALEV AY, (1992) – Posttraumatic stress disorder among injurede survivors of a terrorist attack. J Nerv Ment Dis .1992; 180 : 505-509.
SHAW J, APPLEGATE B, SCHORR C – Twenty-one-month follow-up study of school-age children exposed to Hurricane Andrew. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 1996; 35: 359-364.
TERR L– Life attitudes, dreams and psychic trauma in a group of “normal” children. J Am Acad Child Psychiatry. 1983; 22: 221-230.
TERR L – Psychic trauma in children: observations following the Chowchilla school-bus kidnapping. Am J Psychiatry. 1981; 138: 14-19.
WEISAETH L (1989): A Study of behavioral responses to am industrial disaster. Acta Psychiatr. Scande. Suppl 355. 1989ª; 80:13-24.
[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][/et_pb_section]